domingo, 20 de maio de 2012

Há que responsabilizar UE pela desertificação em Portugal


O advogado António Martins Moreira revelou hoje que estendeu à União Europeia a ação judicial que moveu contra o Estado Português devido à desertificação do interior do país e prejuízos resultantes da política agrícola.

Na origem da ação popular, interposta no Tribunal Administrativo de Lisboa, está a desertificação do interior do país e os prejuízos resultantes da política agrícola seguida por Portugal e pela Europa, explicou o jurista.
Na ação, o advogado quer que o Estado Português e a União Europeia, como "corresponsáveis", sejam condenados a rever todos os programas negociados no domínio da agricultura e pescas.
O objetivo final é "estimular, incentivar e desenvolver, com adequados e criteriosos subsídios, o cultivo e aproveitamento agropecuário de todo o território nacional", explicou.
A criação de "linhas de crédito bonificado para aquisição de modernos equipamentos e tecnologias deste setor, estimulando o aproveitamento integral dos solos e o associativismo agrícola", é outro dos objetivos da ação interposta pelo advogado.
Outra das medidas exigidas pelo advogado passa pela criação de "um banco de terras a nível nacional e municipal com a cooperação e coordenação em todos os municípios".
No documento pode ler-se que o interior do país tem "mais de dois milhões de hectares de terras, totalmente incultos e abandonados, e 220 mil agricultores a receberem subsídios da União Europeia para os manterem nessa situação, quando deviam recebê-los para os cultivarem".
O advogado recorda que esta situação "conduziu-nos a uma perigosa desertificação e despovoamento de todo o interior do país, em que se fecharam centenas de escolas primárias, postos sanitários, postos de correios, e outras infraestruturas de apoio às populações rurais".
Uma situação que António Martins Moreira diz ficar agravada em 2012 "quando se prepara o encerramento em massa de tribunais e juntas de freguesia, os últimos redutos da soberania nacional nestas áreas abandonadas, esquecidas e desprotegidas".
Até porque, "80 por cento dos bens alimentares de que necessitamos poderiam e deveriam ser produzidos nos nossos campos", salientou.
Artigo Parcial
in DN 09.05.12

SERÁ QUE SOU BURRO….Os bons Políticos




Se pretendêssemos definir um bom político, o que diríamos?
 É um tipo sério, disponível, que prejudica a família em prol da causa pública, que promove o desenvolvimento de uma região administrando os dinheiros públicos de uma forma criteriosa e equitativa por todos os cidadãos sem olhar a cores ou credos? Se o disséssemos seríamos sérios mas, no mínimo, anjinhos. 
Um bom político é, todos o sabemos, aquele que, para além de falar bem e vestir melhor, ganha eleições. E quantas mais ganhar, melhor político é. Não interessa se faz promessas que não cumpre, se gasta rios de dinheiro em auto-promoção, se se rodeia apenas de mentecaptos e bajuladores sem qualquer qualificação, se promove e protege clientelas, se silencia os órgão de comunicação social ou se utiliza os meios públicos em benefício próprio. Mesmo que seja corrupto, acusado e provado, que interessa? Mais tarde ou mais cedo os crimes cometidos estarão prescritos e poderá continuar com a mesma postura como se nada se tivesse passado e, como se não bastasse, intitulando-se vítima.
Assim sendo, e dando como bom este raciocínio o que é que o tal “bom” político tem de fazer? Ganhar votos. Quantos mais melhor para poder apregoar que a vitória foi arrasadora. E, depois de eleito, como deve proceder? Se o mandato é de quatro anos, os três primeiros de nada servem. As impressões finais são as que ficam. Assim, é essencial que o última ano seja de inaugurações, de subsídios a tudo o que é instituição, de constantes deslocações aos almoços e jantares de começar a cuidar da pobreza e a terceira idade com toda a consideração e respeito, pois são votos expressos como os outros. Mesmo que nos outros três anos tenha tratado toda a gente de forma humilhante e desrespeitosa. Todos temos a memória curta e as últimas impressões é que ficam. Do resto, tomam conta os peões de brega, os bajuladores do poder que à custa dele vivem numa simbiose quase perfeita. 
Então se precisam de votos para ganhar e se são as pessoas que votam, onde deverão ser feitos os investimentos? O próprio senhor de “La palisse” não diria melhor: onde existem pessoas. E então é por isso que um “bom” primeiro ministro investe na orla Litoral e nas grandes cidades, contribuído para a morte lenta do interior e das zonas rurais (onde existem menos pessoas…); um “bom” Presidente da Câmara investirá na sede do Concelho, mesmo que haja outras zonas mais carenciadas mas com menos população; e até o Presidente da Junta pensará da mesma maneira e esquecerá os lugares da sua Freguesia a favor do lugar sede.

Se não raciocinar assim, poderá promover algum desenvolvimento, mas perderá as eleições e nunca será um “bom” político. As grandes obras do mandato, serão sempre importantes, mesmo que não venham a servir para nada e comprometam, irremediavelmente o futuro. Para quem e para “quantos” são feitas, pouco importa. O importante é poder enumera-las e inaugurá-las pomposamente colocando a respectiva placa com a data e o nome não venha mais tarde o povo ingrato vir a esquecer tais personagens.

Se há fontes que têm placas com o nome de quem as inaugurou, não percebo porque é que as casas de banho públicas não as têm. Até seria engraçado uma fotografia do político a inaugurar uma qualquer sanita pública…

Reparem o que se passou, por exemplo com os campos de futebol do Mundial. Para quê, pelo menos, os de Portimão, Aveiro e Leiria? Para que servem e quem os mantém? Não choca ouvir falar na sua implosão, apenas para nos vermos livres deles?

Para o “bom” político, o que interessa é a obra imediata. Tudo o que for estruturante mas ultrapasse o mandato, não é para fazer. Por isso, por exemplo, o Cadastro da propriedade cuja falta sentimos no dia a dia, nunca foi feito. E não foi por ser caro. Foi, isso sim, por ser demorado e os frutos virem a ser colhidos por outros. Vale mais fazer algumas obras de encher o olho e que dêem resultados imediatos. Quem vier atrás, que feche a porta…
É nesta altura que me sinto profundamente feliz por se Goiense. Também, por cá, temos tido a sorte e contribuído para ela, de sermos governados por “bons” políticos. Todos têm estado no poder enquanto querem. Ninguém os destrona. São pessoas que falam bem, vestem bem e percebem desta arte nobre que se chama Política. E levam à letra a velha máxima que afirma que: “Em política, quem não mata…morre!”.
No passado, tudo o que era estruturante, foi adiado. “Fazer esgotos? Para quê? Esburacar as ruas para depois virem os de Lisboa e refilarem com o pó? Depois fica tudo enterrado e ninguém vê. Vale mais fazer uma rotunda nova…”. No presente, é igual: “Rever o PDM? Vale mais fazer uma alteraçãozita e calamos a contestação”.
E é por isso que, por exemplo em relação à reforma administrativa os políticos locais, em privado, refiram que concordam com ela e em público digam o contrário. Não querem perder votos. Porque é que não se discute a razão de ser da persistência na defesa das 5 Freguesias? Fará sentido haver uma freguesia chamada Cadafaz, cuja sede só abre de manhã ao Domingo? Haverá alguém da Cabreira (onde vive a maioria da população da Freguesia) que vá tratar algum assunto ao Cadafaz? Fará sentido duas sedes de Freguesia a 5km de distância e uma delas coincidente com a sede de Concelho? E uma com pouco mais de uma centena de habitantes? Não valeria a pena discutir, duma forma séria, estes problemas? Vamos deixar que Lisboa decida? Defendemos a proximidade das populações quando os Presidentes das Juntas e dos Concelhos moram a mais de 40 km. Só estão próximos durante o dia e mesmo assim, só durante a semana? Ou damos a morada da Sede da Junta como morada oficial? Ou alugamos uma casa para parecer que moramos lá? Quem enganamos?
Transformámos a velha e amiga Associação numa Casa de espectáculos. Terá sido bem empregue o dinheiro? Espectáculos de quem e para quem? Não chegava a requalificação do anterior espaço? Se passarmos na Quinta do Baião o que vemos? A parte da casa, vendida à ADIBER para parceria em projecto de Turismo Rural, que nunca viu a luz do dia. A outra parte que foi vendida à Natur Sanus que, infelizmente, já era. Até o raio do Placard que lá está faz referência a uma prova de TT para 19 de Maio de 2012 que foi anulada… por falta de concorrentes. Para o outro lado da estrada (recito da Facig), é melhor não olhar. Temos outra parceria que levou ao aterro com entulho de área agrícola em violação grosseira do PDM. Tirando os mega investimentos que estão a ser feitos na sede do Concelho para inaugurar em 2012/2013 o que se fez nas cinco Freguesias? Como estão as nossas estradas? Como estão os nossos caminhos florestais? Pois é: lá, não vivem pessoas. Lá, não há votos.
Hoje mesmo, no site da Câmara Municipal, podemos ver que vamos ter um campeonato de pesca, um concurso para um doce típico (vamos inventar um “Goisarito” para copiar o “Poia-rito”, utilizando a mesma matéria prima), mais a semana do empreendedorismo, mais a feira do livro, mais a mostra do mestre Mourato, mais, mais, mais. Nunca tivemos tanta cultura em Góis. Estamos muito mais cultos, embora não nos sirva de nada. Até porque somos cada vez menos e assim o banho cultural “acerta” em menos pessoas. Que pena que alguns dos impulsionadores não aproveitem essas iniciativas para se tornarem, pelo menos, mais educados. Mas, como diz o nosso povo, “o chá tem de se tomar de pequenino, senão não faz efeito…”. Tirando a projecção pessoal que se obtém com a publicação das notícias nos vários jornais locais, regionais e nacionais dando a imagem do “bom” político, já se fez algum balanço dos resultados dessas iniciativas? Trouxe mais gente a Góis? Aumentou a atractividade do Concelho no exterior? O nosso povo, na sua bondosa sabedoria, não lhe chama eventos. Chama-lhes Inventos e, mais uma vez, não se engana.
Ai, que sorte que nós temos em Góis por sermos governados por “bons” políticos. 
…………..0U QUEM FAZER DE MIM BURRO?
Nota: Se quiser ficar com a série completa destas “burridades”, terei muito gosto em enviar-lhas se as solicitar para: jumentodegois@gmail.com. São 21 publicadas no Varzeense e mais algumas aqui no Góis Livre. Sempre poderá mostrar aos seus netos e falar do tempo em que em Góis só os burros não emigravam…até ver!

Mais uma vez os meus agradecimentos ao seu Administrador por me dar voz.

15/5/12 04:10