quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O Jumento




Este texto é de Isabel do Carmo (médica). COMO ME REVEJO NELE...


O primeiro-ministro anunciou que íamos empobrecer, com aquele desígnio de falar "verdade", que consiste na banalização do mal, para que nos resignemos mais suavemente. Ao lado, uma espécie de contabilista a nível nacional diz-nos, como é hábito nos contabilistas, que as contas são difíceis de perceber, mas que os números são crus. Os agiotas batem à porta e eles afinal até são amigos dos agiotas. Que não tivéssemos caído na asneira de empenhar os brincos, os anéis e as pulseiras para comprar a máquina de lavar alemã. E agora as jóias não valem nada. Mas o vendedor prometeu-nos que... Não interessa.

Vamos empobrecer. Já vivi num país assim. Um país onde os "remediados" só compravam fruta para as crianças e os pomares estavam rodeados de muros encimados por vidros de garrafa partidos, onde as crianças mais pobres se espetavam, se tentassem ir às árvores. Um país onde se ia ao talho comprar um bife que se pedia "mais tenrinho" para os mais pequenos, onde convinha que o peixe não cheirasse "a fénico". Não, não era a "alimentação mediterrânica", nos meios industriais e no interior isolado, era a sobrevivência.

Na terra onde nasci, os operários corticeiros, quando adoeciam ou deixavam de trabalhar vinham para a rua pedir esmola (como é que vão fazer agora os desempregados de "longa" duração, ou seja, ao fim de um ano e meio?). Nessa mesma terra deambulavam também pela rua os operários e operárias que o sempre branqueado Alfredo da Silva e seus descendentes punham na rua nos "balões" ("Olha, hoje houve um ' balão' na Cuf, coitados!"). Nesse país, os pobres espreitavam pelos portões da quinta dos Patiño e de outros, para ver "como é que elas iam vestidas".

Nesse país morriam muitos recém-nascidos e muitas mães durante o parto e após o parto. Mas havia a "obra das Mães" e fazia-se anualmente "o berço" nos liceus femininos onde se colocavam camisinhas, casaquinhos e demais enxoval, com laçarotes, tules e rendas e o mais premiado e os outros eram entregues a famílias pobres bem- comportadas (o que incluía, é óbvio, casamento pela Igreja).
Na terra onde nasci e vivi, o hospital estava entregue à Misericórdia. Nesse, como em todos os das Misericórdias, o provedor decidia em absoluto os desígnios do hospital. Era um senhor rural e arcaico, vestido de samarra, evidentemente não médico, que escolhia no catálogo os aparelhos de fisioterapia, contratava as religiosas e os médicos, atendia os pedidos dos administrativos ("Ó senhor provedor, preciso de comprar sapatos para o meu filho"). As pessoas iam à "Caixa", que dependia do regime de trabalho (ainda hoje quase 40 anos depois muitos pensam que é assim), iam aos hospitais e pagavam de acordo com o escalão. E tudo dependia da Assistência. O nome diz tudo. Andavam desdentadas, os abcessos dentários transformavam-se em grandes massas destinadas a operação e a serem focos de septicemia, as listas de cirurgia eram arbitrárias. As enfermarias dos hospitais estavam cheias de doentes com cirroses provocadas por muito vinho e pouca proteína. E generalizadamente o vinho era barato e uma "boa zurrapa".
E todos por todo o lado pediam "um jeitinho", "um empenhozinho", "um padrinho", "depois dou-lhe qualquer coisinha", "olhe que no Natal não me esqueço de si" e procuravam "conhecer lá alguém".

Na província, alguns, poucos, tinham acesso às primeiras letras (e últimas) através de regentes escolares, que elas próprias só tinham a quarta classe. Também na província não havia livrarias (abençoadas bibliotecas itinerantes da Gulbenkian), nem teatro, nem cinema.

Aos meninos e meninas dos poucos liceus (aquilo é que eram elites!) era recomendado não se darem com os das escolas técnicas. E a uma rapariga do liceu caía muito mal namorar alguém dessa outra casta. Para tratar uma mulher havia um léxico hierárquico: você, ó; tiazinha; senhora (Maria); dona; senhora dona e... supremo desígnio - Madame.
Os funcionários públicos eram tratados depreciativamente por "mangas-de-alpaca" porque usavam duas meias mangas com elásticos no punho e no cotovelo a proteger as mangas do casaco.
Eu vivi nesse país e não gostei. E com tudo isto, só falei de pobreza, não falei de ditadura. É que uma casa bem com a outra. A pobreza generalizada e prolongada necessita de ditadura. Seja em África, seja na América Latina dos anos 60 e 70 do século XX, seja na China, seja na Birmânia, seja em Portugal.
19/12/12 

Que...


traga mais força, saúde e ânimo para podermos lutar pela nossa vida, pela nossa região, pelo nosso país!





sábado, 15 de dezembro de 2012


A Casa do Concelho de Góis acolhe a Juventude


O Conselho Regional da Casa do Concelho de Góis em parceria com a Associação de Juventude de Góis, Alvares e Colmeal, organizou o Seminário “A Juventude do Concelho de Góis” que decorreu no dia 8 de Dezembro, no Auditório da Casa do Concelho de Góis em Lisboa.
O Seminário teve como objectivo estabelecer uma ligação entre a juventude e o regionalismo, e como estratégia dar a conhecer a existência de jovens de excelência no Concelho de Góis, cujo trabalho, dedicação e qualidade resultaram em sucesso reconhecido em Góis, em Portugal e na Europa.


Crónica da União Progressiva da Freguesia do Colmeal:  Longe/perto das nossas raízes

A Comissão de Juventude da União Progressiva da Freguesia do Colmeal foi convidada a participar numa recente iniciativa do Conselho Regional da Casa do Concelho de Góis subordinada ao tema Juventude do Concelho de Góis e integrou um dos painéis do debate “O afastamento dos jovens do associativismo”.
Jorge Fonte, apresentou o trabalho que a seguir transcrevemos na íntegra.  

A maioria dos membros desta Comissão de Juventude moram aqui, em Lisboa, ou nos arredores, e, até este ano, apenas um residia no Colmeal. Tiago Domingos, meu primo, é um dos nossos milhares de jovens recém-emigrantes. A nossa Comissão de Juventude não tem hoje ninguém que more no Colmeal mas isso não é impedimento nenhum para a continuação deste nosso projecto que visa a promoção do regionalismo e que pretende que o Colmeal não fique esquecido.

Praticamente todos nós estamos a dar aqui os primeiros passos “oficiais” no regionalismo, apesar de termos pais, mães, tios e avós que pertencem ou já pertenceram à União e que já fizeram muito pela nossa aldeia. Crescemos a ouvir histórias de quando o Colmeal era uma aldeia com muito mais gente, com muito mais ideias mas também com mais necessidades, por causa dos tempos em que se viviam, dificuldades que se faziam sentir e que hoje já não se justificam. Hoje, a União do Colmeal serve outros propósitos, ao que nós, como Comissão de Juventude servimos de apoio. E esta Comissão de Juventude só existe com jovens que moram fora da aldeia porque, hoje, não os há no Colmeal.

Uma das nossas principais ideias iniciais foi dinamizar e criar momentos de convívio para a população com o apoio da União. Não nos focámos apenas no mês de Agosto, ou apenas no Verão, período em que há lá mais gente, mas começámos por organizar a festa de Verão em 2011, e este ano também fomos os responsáveis. Mas também fizemos outras coisas. Com a ajuda da União, organizámos um convívio de tunas académicas, que teve lugar aqui nesta Casa concelhia, e alguns meses depois levámos essas tunas ao Colmeal e a Góis onde tocaram para quem quisesse ouvir. Esta foi uma iniciativa que apenas foi possível graças à Mariana Brás, outro membro do nosso grupo e que actualmente está fora do país.

Todos nós temos as nossas vidas, estudamos e trabalhamos longe do Colmeal, mas também fazemos questão de nos manter a par do que se passa por lá, principalmente numa altura em que há tanto em jogo por causa das políticas de ordenamento que nos afectam a todos mas onde pouco podemos alterar.

Apesar de só lá passarmos fins-de-semana grandes, uma/duas semanas ou um mês inteiro no Verão, penso que falo por todos os membros desta Comissão de Juventude quando digo que ao longo dos anos criámos memórias, umas mais tristes outras mais alegres, que ainda hoje nos acompanham e que vamos guardar para sempre. A esperança é que o mesmo possa acontecer com gerações futuras, que infelizmente têm cada vez menos razões para continuar a morar nestas aldeias.

De resto tentamos estar presentes, quando nos é possível, ao ajudar na logística dos eventos da União, como já tem sido o caso das caminhadas, o almoço de aniversário com os sócios e amigos, nos convívios de canoagem e no piquenique da festa de Verão. Temos pouca obra. Nestes curtos dois anos já podíamos ter feito mais, mas também temos noção que este projecto faz parte de uma maratona e não de uma corrida de 100 metros, e é por isso que digo àqueles que nos conhecem para nos darem tempo.

A nossa Comissão de Juventude não foi a primeira criada, já antes outras existiram, desde os anos 70. Como sabem a Juventude dos anos 70 hoje já não é tão jovem como era antes, mas muitas das pessoas que fizeram parte continuaram ligadas ao regionalismo ao longo dos anos, passaram depois pela União e até há quem esteja na actual direcção. Por tudo isto acreditamos que não seremos a última Comissão de Juventude e apesar de todas as indefinições quanto ao futuro, não só da freguesia do Colmeal, como do rumo a tomar, garantimos que podem continuar a contar connosco pois iremos apoiar e tentaremos estar envolvidos ao máximo no regionalismo, mesmo que estejamos a 250km de distância.


Jorge Fonte

in http://upfc-colmeal-gois.blogspot.pt/

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Comunicado de Nuno Santos


Esta manhã no Parlamento dei conta aos deputados dos recentes acontecimentos na RTP que originaram o meu pedido de demissão. 
Expliquei que se tratou de um" “saneamento político travestido de uma decisão de gestão”. Chamei também a atenção para o facto de poder estar configurada uma violação do artigo 34º da Constituição com a utilização abusiva de correspondência privada num inquérito interno "para simples apuramento dos factos". 


Respondendo aos deputados declarei que a minha demissão se devia ao facto "de ter perdido a confiança no Conselho de Administração após ter sido alvo de um julgamento sumário em vez de se proceder à verificação dos factos". 

Finalmente reafirmei que não autorizei em nenhum momento "o visionamento de imagens em bruto".

5.12.12


Consumou-se o saneamento político! 
Acabo de receber do Conselho de Administração da RTP a notícia de que estou suspenso preventivamente a aguardar processo disciplinar para despedimento. Estou pois impedido, sem razão, de trabalhar! 


Durante os dias que antecederam a minha ida à Comissão de Ética da Assembleia da República fui recebendo indicações de que era politicamente imperioso mover-me o processo que agora surge.


O facto de não me ter conformado com o sumário julgamento feito em praça pública pelo Conselho de Administração da RTP, na conclusão do qual resultava claro o sinal de que, se eu ficasse calado, não haveria consequências disciplinares, foi determinante no desfecho que agora se deu.

Na verdade, as declarações que prestei no Parlamento, ao abrigo da liberdade de expressão que pensava ser um direito conquistado em Portugal com a Revolução de Abril, foram o miserável pretexto para este processo. 


Dei já instruções ao meu advogado para analisar a notificação de suspensão tendo sido claro que prepararei, sem desfalecimentos, a defesa da minha honra e do meu bom nome. 

Esta tarde, após a audição na ERC, darei em detalhe a minha posição sobre mais este caso que é mais um capítulo da cortina de fumo que esconde as ramificações empresariais e políticas que se posicionam em campo numa fase em que se joga o futuro do Serviço Público de Rádio e Televisão.
7.12.12 in Facebook de Nuno Santos

domingo, 2 de dezembro de 2012

Góis protesta contra fecho do SAP nocturno

Cerca de uma centena e meia de pessoas de Góis protestaram ontem à tarde contra o encerramento nocturno do Centro de Saúde local, que teve efeito a partir das 18h00.
Ler notícia completa na edição em papel
in Diario de Coimbra 2.12.12

Exposição em Góis mostra “obras inacabadas” do Metro Mondego


Uma exposição de fotografia, retratando “as obras inacabadas do Projeto Metro Mondego nos 30,6 quilómetros intervencionados”, entre Serpins (Lousã) e o Alto de São João (Coimbra), é inaugurada na terça-feira, 27 de novembro, às 15H00, na Biblioteca Municipal de Góis.
A mostra ‘Metro Mondego da realidade à miragem’ é “composta por 19 painéis” que refletem “o mau exemplo de má gestão que os utilizadores deste meio de transporte e os munícipes das localidades intervenientes querem ver resolvido”, salienta uma nota da Câmara de Góis.
O projeto do sistema de metro ligeiro de superfície, iniciado há 15 anos e no qual “já foram investidos 140 milhões de euros”, prevê cerca de 42 quilómetro de linha, servidos por 43 estações, nos municípios de Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo e “a sua conclusão é fundamental para toda a região”.
A exposição, que pode ser visitada de segunda a sexta-feira, entre as 09H00 e as 18H00, estará patente até 14 de dezembro.
In Diario as Beiras 26.11.12