terça-feira, 25 de junho de 2019

Pedrógão Grande: Góis e Penela fazem balanço positivo da atuação do Governo

Castelo Branco, 13 jun 2019 (Lusa) -- As Câmaras de Góis e de Penela fazem um balanço positivo da atuação da Administração Central, ao nível de apoios e investimentos disponibilizados, passados dois anos dos incêndios de junho de 2017.


O balanço que faço, apesar de todos os prejuízos, é positivo, no que diz respeito aos apoios e investimentos da parte da Administração Central", afirmou à agência Lusa a presidente da Câmara de Góis, Maria de Lurdes Castanheira.


Já o seu homólogo de Penela, Luís Matias, realça que a capacidade de resposta "foi boa" e recorda que o país nunca tinha passado por uma situação como aquela que se viveu durante os incêndios de 2017.


"Penela não teve o nível de prejuízo e de estruturas afetadas como outros concelhos, quer ao nível de habitações, quer de infraestruturas", frisou.


Luís Matias disse que todas as infraestruturas municipais afetadas foram requalificadas e repostas, bem como toda a parte da sinalética, pavimentos e contentores de lixo.


A autarca de Góis explicou que a maior intervenção no seu concelho veio do Fundo Ambiental para a recuperação e requalificação do rio Ceira e da ribeira de Sinhel.


Adiantou ainda que foi também feita a estabilização de emergência, recuperação de taludes, remoção e limpeza de todo o material lenhoso em áreas não particulares, entre outros trabalhos.


"As duas empreitadas ultrapassam o milhão de euros e estão em franco desenvolvimento. O atraso que se verificou (os trabalhos eram para estar concluídos em 2018), teve a ver com procedimentos e a burocracia inerente", sublinhou.


Maria de Lurdes Castanheira explicou que, como ambas ultrapassavam os 350 mil euros, ficaram sujeitas ao visto do tribunal de Contas. Disse também que as próprias circunstâncias climáticas influenciaram o decorrer dos trabalhos.


Já em relação às habitações afetadas pelo incêndio de junho de 2017, oito que ficaram totalmente destruídas e quatro parcialmente danificadas, explicou que ainda não há nenhuma família instalada.


Contudo, entende que a entidade que deve responder sobre o assunto é a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), "que é a entidade promotora das empreitadas".


A autarca adiantou que a câmara fez um empréstimo, no valor de cerca de 166 mil euros, ao Fundo de Apoio Municipal (FAM), para apoiar pessoas que perderam segundas habitações.


"Como não houve apoios para estas habitações por parte do Estado, a câmara criou um regulamento com essa finalidade. O empréstimo é de 165.796 euros, a ser pago em cinco anos. O investimento total, entre público e privado, ultrapassa os 300 mil euros", explicou.


No concelho de Góis, foram afetadas pelo incêndio 34 segundas habitações e há 13 pessoas que já se candidataram a esta ajuda.


Os incêndios de junho de 2017, que começaram em Pedrógão Grande, provocaram a morte a 66 pessoas e ferimentos a mais de 250.


Uma extensa área florestal foi devastada pelo fogo, assim como inúmeras empresas e habitações.


in, DN

 

Lusiaves diz que vai avançar com investimentos em Góis e Oleiros

Três unidades avícolas já estão a avançar em Oleiros e Góis, num investimento superior a 18 milhões de euros, informou o grupo Lusiaves, que mantém intenção de investir na zona afetada pelo incêndio de Pedrógão Grande.



A Lusiaves já arrancou com três novos investimentos, um em Oleiros e dois em Góis, concelhos afetados pelos grandes incêndios de 2017, num “valor global de investimento superior a 18 milhões de euros”, informou o grupo, em resposta escrita enviada à agência Lusa.


A empresa tinha também anunciado a intenção de construir unidades de produção nos três concelhos mais afetados pelo grande incêndio de 17 de junho de 2017 (Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos), mas, dois anos depois, ainda “não foi possível identificar terrenos livres de condicionantes, nem terrenos que os proprietários estivessem interessados a vender”.


Em agosto de 2017, a Lusiaves tinha anunciado a intenção de investir 64 milhões de euros nesses três concelhos do norte do distrito de Leiria, com a perspetiva de criar 300 postos de trabalho em unidades de produção de ovos para incubação e aves.


Em Góis, o grupo identificou dois terrenos para unidades de produção – uma propriedade da Câmara e outra de uma junta -, sendo que foram estabelecidos protocolos em relação aos mesmos e “já foram apresentados os respetivos estudos de impacte ambiental”.


Neste concelho do distrito de Coimbra, a Lusiaves prevê um investimento superior a 11,5 milhões de euros e a criação de 65 postos de trabalho.


Em Oleiros, no distrito de Castelo Branco, o grupo pretende criar uma unidade de engorda de peru, num investimento superior a 6,5 milhões de euros, tendo já sido adquiridos os terrenos, estando neste momento a aguardar a emissão do parecer da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro relativamente ao estudo de impacte ambiental apresentado, informou.


Na resposta enviada à Lusa, o grupo refere ainda que está “disponível para avaliar novas possibilidades de investimento no interior do país e tem estado em conversações, analisando algumas possibilidades noutros municípios, mas, até ao momento, nenhum deles com desenvolvimentos relevantes”.
 in, Noticias De Coimbra, 16, 06, 2019

domingo, 30 de outubro de 2016

Privados podem gerir terrenos florestais sem dono conhecido

O Governo vai criar o Banco de Terras, que incorporará todo o património rústico do Estado e o património rústico sem dono conhecido que vier a ser identificado. O Estado pode assumir a gestão desse património, ou cedê-la a título provisório a Sociedades de Gestão Florestal (SGF) ou outras entidades. A medida foi hoje, 27 de Outubro, aprovada em Conselho de Ministros.
Este diploma garante que, podendo gerir ou ceder a gestão a título provisório, não pode ceder ou transaccionar de forma definitiva qualquer propriedade sem dono conhecido integrada no Banco de Terras ao longo de um período de 15 anos, sendo a sua posse restituída ao seu legítimo proprietário em qualquer momento, se entretanto for identificado.
“O objectivo desta medida é promover a exploração da floresta, facilitar o acesso à terra por entidades interessadas, bem como permitir o redimensionamento de explorações com vista a promover a gestão profissionalizada da floresta e a sua viabilidade económica”, pode ler-se no comunicado do Conselho de Ministros.
É igualmente criado o Fundo de Mobilização de Terras, constituído a partir das receitas provenientes da venda e arrendamento das propriedades do Banco de Terras. O Fundo destina-se à aquisição de novo património, que será incorporado, por sua vez, no Banco de Terras e disponibilizado para venda ou arrendamento a agricultores, preferencialmente jovens, e a outras entidades, designadamente SGF quando se tratar de património com vocação florestal.
“A reforma do sector florestal constitui uma prioridade da política do XXI Governo no quadro da valorização do território nacional. Sendo a floresta um activo de enorme relevância estratégica para o desenvolvimento económico e para a sustentabilidade ambiental, é necessário reavaliar e reformular as políticas públicas tendo em vista uma reforma do sector que proteja os seus recursos e promova os seus activos”, refere o comunicado.
“A execução destas políticas revela-se tanto mais urgente quando consideramos os enormes prejuízos causados pelos incêndios florestais, que este ano voltaram a assolar drasticamente o País, com graves consequências sociais, económicas e ambientais”, acrescenta o Executivo.
Num Conselho de Ministros dedicado em exclusivo à política florestal, o Governo aprovou hoje na generalidade um conjunto de medidas legislativas que serão submetidas a debate público alargado, de modo a envolver a administração central, as autarquias, a comunidade académica e a sociedade em geral. “Este conjunto de medidas procura responder aos grandes desafios da floresta portuguesa e está ancorado em três áreas de intervenção: titularidade da propriedade; gestão e ordenamento florestal; e defesa da floresta nas vertentes de prevenção e de combate aos incêndios”, diz o documento.
Informação Cadastral Simplificada
O Governo pretende ainda criar o Sistema de Informação Cadastral Simplificada, a propor à Assembleia da República. O sistema de cadastro apoiará os proprietários na identificação dos seus prédios, através de um balcão único que permitirá simplificar procedimentos, inovar as formas de relacionamento com os utentes, promover a transparência de informações e acolher a geo-referenciação de todos os prédios, contribuindo para o conhecimento da estrutura fundiária do território, imprescindível para a gestão, controlo e planeamento territorial.

Tendo em vista potenciar o valor económico da floresta num quadro de sustentabilidade ambiental e territorial, foram aprovadas várias medidas de gestão e ordenamento florestal, tais como a da criação do regime de reconhecimento das Sociedades de Gestão Florestal, com o objectivo de fomentar a gestão florestal profissional e sustentável, reforçar o aumento da produtividade e rentabilidade dos activos florestais e melhorar o ordenamento do território, acolhendo a evolução organizativa das Zonas de Intervenção Florestal.
Por outro lado, o Governo pretende simplificar as normas de funcionamento das Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), de forma a melhorar o funcionamento das ZIF já existentes, potenciando o seu alargamento e tornando possível que as mesmas possam promover a adesão de novos proprietários ou produtores florestais, através de um trabalho técnico de extensão florestal.
Mais poder para os municípios
Outra das medidas anunciadas hoje passa pela alteração do regime jurídico dos planos de ordenamento, de gestão e de intervenção de âmbito florestal, procurando atribuir aos municípios uma gradual e maior intervenção nos processos de decisão relativos ao uso do solo através da transferência efectiva das normas dos Planos Regionais de Ordenamento Florestal para os Planos Directores Municipais.
O Conselho de Ministros aprova ainda o novo quadro de incentivos e isenções fiscais e emolumentares para o sector florestal, no âmbito das boas práticas silvícolas e da defesa da floresta contra incêndios, “promovendo a rendibilidade dos activos e tornando mais atractiva a silvicultura”.
in Agricultura e Mar 27/10/2016

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

“O turismo está a crescer em Portugal mas cresce no segmento mais barato”

Presidente executivo do grupo tailandês que comprou a cadeia de hotéis Tivoli, defende que "o problema é que quando temos os turistas mais baratos, não gastam dinheiro noutras coisas”.
Dilip Rajakarier acredita que turistas “baratos provocam mais danos que benefícios” DR 


O crescimento do turismo em Portugal é sustentável ou uma moda passageira?
Depende do compromisso do Governo em manter este crescimento sustentável. Porque hoje o país está focado em quatro ou cinco mercados chave: Reino Unido, Alemanha, França, Espanha e Brasil. É preciso olhar um pouco mais além porque estes mercados podem desaparecer. Se algo acontecer no Reino Unido ou em Espanha estão demasiado expostos. Sendo o turismo, hoje, uma actividade tão global, como é que então se promove Portugal na China, Índia, Médio Oriente, Ásia? Isto é essencial e o Governo tem, primeiro, de reconhecer [esta abrangência]. Depois, é preciso alocar os recursos, o marketing e as relações públicas para divulgar Portugal e dar incentivos a quem procura investir, algo que não aconteceu nos últimos anos porque muitos dos hotéis não são fantásticos, em comparação com outros fora do país.
É preciso elevar o standard?
É preciso elevar Portugal.
Porque é um destino demasiado barato?
É barato e é assim que tem sido percepcionado. É um dos destinos mais baratos da Europa. Não há mal nenhum em ser barato. O problema é que quando temos os visitantes mais baratos, não gastam dinheiro noutras coisas, em comida, bebida, spas, compras. Estes serviços são essenciais para o turismo e também para as receitas do Estado. Não se trata apenas de ter hotéis de luxo. Para atrairmos os turistas certos, dispostos a desembolsar 200 ou 300 euros, precisamos de ter hotéis e infra-estruturas. Os visitantes irão gastar mais e todos beneficiam. Penso que esta deve ser a prioridade.
Em termos de infra-estruturas, a maior necessidade é a das ligações aéreas?
Sim, a conectividade é importante. Veja o caso do Qatar, Abu Dhabi ou Dubai. Porque é que são tão famosos? Porque ficam à distância de uma única escala desde qualquer ponto do mundo. Mas se eu quiser organizar um evento em Vilamoura, onde estamos a fazer o centro de conferências, quem vier terá de fazer mais de uma paragem. Esse é o desafio que Portugal tem. O Governo tem de fazer algo para alargar a infra-estrutura e captar procura. Caso contrário irá sempre jogar o jogo dos preços baixos. Isso não é bom para o país. O custo de vida aumenta todos os anos, mas as tarifas dos quartos ou os salários dos trabalhadores não podem crescer ao mesmo ritmo. Como empresário, o que é que faço? Paro de investir nos hotéis, que se tornam menos atractivos.
No dia em que falamos há um protesto dos sindicatos da hotelaria que reclamam melhores salários, num contexto de recordes sucessivos de receitas. Os ordenados em Portugal são baixos?
Uma coisa é a aspiração dos trabalhadores, que acreditam que os seus salários devem evoluir mais rapidamente. Outra são os hoteleiros que se confrontam com o facto de os preços não evoluírem assim tão rapidamente. Tem de existir equilíbrio. Sim, o turismo está a crescer em Portugal mas, por vezes, cresce no segmento errado por vezes, no segmento mais barato. Se estamos a cobrar 30 ou 40 euros por quarto e eu investi, por exemplo, 200.000 euros, quanto tempo levarei a recuperar o investimento? Tem de ser uma parceria entre os trabalhadores e as empresas. Entendo as suas frustrações, mas ao mesmo tempo Portugal está a sair de uma crise e muitos perderam o emprego. Se não andarmos para a frente e não melhorarmos a economia entraremos de novo numa crise.
Há uma crescente apreensão dos moradores de Lisboa quanto ao aumento do turismo. Como é que se conjuga estes dois mundos?
Tudo se resume ao tipo certo de turistas. Se atrairmos visitantes dispostos a pagar 300 ou 400 euros por noite todos ficam contentes. O restaurante estará cheio, o autocarro estará cheio… Ninguém se vai queixar. Mas se atrairmos turistas “baratos”, que sujam a cidade… Na verdade, provocam mais danos do que benefícios. É preciso dar prioridade à qualidade em vez do volume. Não é só um problema de Portugal. Abrimos um hotel no Sri Lanka em Dezembro do ano passado e cobramos 800 dólares por noite. Chamaram-nos de loucos porque o preço por quarto no Sri Lanka é, no máximo, de 100 ou 200 dólares. Mas o nosso produto é fantástico, investimos 60 milhões de dólares e o que aconteceu? As villas, o produto mais caro e que custavam 1200 dólares a noite, foram as primeiras a vender.
Em Portugal qual seria a tarifa certa?
Mesmo que estabelecêssemos um standard nos 300 dólares é possível. É barato em comparação com outras capitais europeias. Em Londres as pessoas estão dispostas a pagar 600 libras por quarto e 50 libras por um jantar. Aqui gastam 120 euros - e em alguns dos nossos hotéis gastam 50 euros actualmente. Chamamos ao nosso hotel de Coimbra o “50/50”: 50 euros por noite, 50% de taxa de ocupação… É de loucos. É preciso elevar o standard e investir na experiência.
in Público 06.10.16

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Tribunal europeu volta a condenar Portugal por violar liberdade de expressão

Esta é pelo menos a terceira vez este ano que o Estado português é condenado por violar liberdade de expressão. Portugal vai ter que pagar cinco mil euros a professor universitário.
O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH) condenou esta terça-feira o Estado português a pagar, a um professor universitário, uma indemnização de 5000 euros por violação da liberdade de expressão. Esta é pelo menos a terceira vez este ano que o Estado português é condenado por violar o artigo 10.º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, que protege a liberdade de expressão, o que até ao ano passado tinha acontecido 20 vezes.
Em causa neste caso está um artigo de opinião que o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Carlos Castro Câmara – que também trabalhou no então Instituto Português de Meteorologia (IPM) - escreveu no semanário Independente em Março de 2006, intitulado “Mentiroso”. O texto, com uma parte dirigida ao então presidente do IPM, Adérito Serrão, termina dizendo que aquele responsável “não passa de um mentiroso reles e de um pobre diabo. E o ser presidente não é mais do que mero acidente. De baixíssima política.”
O artigo foi publicado uma semana depois de uma notícia sobre o afastamento de Carlos Castro Câmara do mesmo instituto, onde foi durante oito anos coordenador científico de um importante projecto co-financiado pela EUMETSAT, a agência europeia para a exploração de satélites meteorológicos. Nessa notícia, Carlos Castro Câmara diz temer "uma ruptura funcional" do projecto por falta de elementos dedicados exclusivamente ao programa e pela inexistência de um controlador financeiro do projecto. Nessa notícia, o presidente do IPM aparece a desvalorizar a opinião do universitário, referindo não lhe reconhecer competência para avaliar o desenrolar do programa. “Os seus comportamentos e o seu perfil ditaram o seu afastamento”, afirmava então Adérito Serrão.

Condenado em 2010 por difamação agravada

O então presidente do IPM não gostou da reacção de Castro Câmara no artigo de opinião e acusou o antigo coordenador científico, que chegou a ser seu vice-presidente durante quase um ano, de difamação. Em Julho de 2010, um tribunal de Lisboa condena o universitário a pagar uma multa de dois mil euros por difamação agravada e a pagar uma indemnização de três mil euros a Adérito Serrão. Em Fevereiro de 2011, a decisão é confirmada pela Relação de Lisboa, que considera que Castro Câmara foi “muito além dos limites abrangidos por uma crítica, entrando claramente na ofensa da honra”.
O TEDH analisou o caso de outra forma, considerando de interesse público a discussão sobre o financiamento de um projecto público. “Na visão do tribunal, uma pessoa que gere uma instituição financiada por dinheiros públicos deve estar preparada para aceitar críticas contundentes principalmente no decurso de um debate público onde se discutem questões ligadas à gestão de um projecto pago com esses fundos”.
Os juízes de Estrasburgo notam que neste caso estão em causa comportamentos e declarações relacionadas com a capacidade profissional do presidente do IPM e não com a sua vida privada. E insistem que os servidores públicos estão sujeitos dentro da sua esfera profissional a limites mais amplos de crítica aceitável que os outros cidadãos. O TEDH considera que o facto de o professor ter suportado as suas declarações num contexto factual retira os seus comentários da categoria de “ataque pessoal gratuito”. O tribunal lembra que pessoas que participam num debate público sobre um tema de interesse público estão autorizadas a recorrer “a um grau de exagero e até provocação, por outras palavras a fazer declarações imoderadas”.
Os juízes condenam por isso o Estado português a pagar a Castro Câmara os 5000 euros que este tinha sido obrigado a pagar na sequência de decisões dos tribunais nacionais e mais 2500 euros pelos custos que teve com o processo.
Contactado pelo PÚBLICO, o advogado do professor, Francisco Teixeira da Mota, considera esta decisão importante. “Embora reconheça a dureza das palavras utilizadas considera-as legítimas porque já antes tinha havido críticas graves ao autor das expressões”. E completa: “Para o tribunal europeu a discussão do funcionamento do aparelho de Estado deve obedecer a princípios de transparência e ser o mais irrestrita possível”.  
in Público 04.10.2016

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

PS e PSD recuam e admitem discutir dinheiro público para os partidos

Sociais-democratas vão apresentar proposta para tornar definitivos os cortes actuais. Socialistas remetem discussão para a comissão da transparência e primeiro-ministro admite que as despesas com as campanhas eleitorais podem ser reduzidas.

O PS e o PSD deram esta quinta-feira um passo atrás na questão do financiamento público aos partidos políticos, admitindo agora discutir, no âmbito parlamentar, a conversão dos cortes temporários das subvenções políticas em definitivos. O PSD afirma mesmo que vai apresentar uma proposta nesse sentido, tal como já tinham prometido fazer BE, PCP e CDS. Questionado pelo PÚBLICO sobre como votará o PS esta proposta, o líder parlamentar, Carlos César, respondeu que será canalizada para a comissão da transparência.

Ao remeter o assunto para a Comissão Eventual para o Reforço da Transparência dos cargos públicos e políticos, criada em Maio por proposta do PS, os partidos empurram para o próximo ano a entrada em vigor das novas regras. Isso fará com que, a partir de 1 de Janeiro de 2017, a redução decidida em 2010 e confirmada em 2013 deixe de estar em vigor, ainda que temporariamente, e os partidos possam voltar ao valor do financiamento original. Se a reversão fosse definitiva, faria entrar nos cofres do PSD e do PS cerca de 1,3 milhões de euros por ano.

Questionado por Catarina Martins durante o debate quinzenal, António Costa disse que o Governo não introduzirá qualquer medida de alteração ao actual regime no Orçamento do Estado – o que implica a reversão dos cortes a 1 de Janeiro – por não querer “condicionar o debate na Assembleia da República”. Mas se os partidos entenderem prolongar os cortes, “o Governo respeitará”. Realçando que “a democracia tem um custo e não é um peso”, o primeiro-ministro e líder do PS defendeu ainda que o financiamento partidário deve ser público, mas considera “consensual que é possível reduzir o custo das campanhas eleitorais”.

Depois de há poucos dias, em declarações ao PÚBLICO, o secretário-geral do PSD, José Matos Rosa, ter mostrado vontade em acabar com o corte das subvenções aos partidos, o líder da bancada social-democrata, Luís Montenegro, manifestou esta quinta-feira disponibilidade para discutir – com o PS – a transformação do corte transitório em “permanente e definitivo”.

"Se a Assembleia da República e os demais partidos tiverem interesse em transformar este corte que era transitório num corte permanente e definitivo, em primeiro lugar deve fazê-lo, não na lei do Orçamento do Estado, isto é, não deve ser para o ano de 2017, deve ser para todos os anos subsequentes", defendeu Luís Montenegro aos jornalistas no Parlamento.

Ao início da noite, Matos Rosa enviou um comunicado às redacções no qual justifica a mudança de posição: “Os partidos políticos são fundamentais para a democracia, mas devem ser os primeiros a reconhecer a realidade e actuar em função da sociedade em que estão integrados”.

O fim dos cortes às subvenções dos partidos e das campanhas já tinha a oposição do BE, CDS e PCP. “Não terminou a austeridade no país e foi substituída por uma austeridade ‘a la esquerda’”, justificou a líder centrista, recusando comentar as posições que o PSD e o PS tinham sustentado nos últimos dias.

O PCP reafirmou a sua discordância sobre a reposição das subvenções aos partidos em 2017, não só por uma questão de princípio – “o financiamento deve depender dos militantes e não do Estado” –, mas também porque seria uma medida incompreendida. “Obviamente que os portugueses que foram sacrificados e perderam poder de compra não compreenderiam que houvesse reposição dos cortes nas subvenções”, afirmou o deputado António Filipe.
in Público, 22/09/2016 

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Presidente da Câmara de Góis arguida por difamação a um vereador do seu partido

A autarca acusou o seu antigo “número dois” de “falta de lealdade e incompetência” no exercício das funções autárquicas

A presidente da Câmara de Góis, a socialista Lurdes Castanheira, foi constituída arguida num processo por difamação movido por um vereador do seu partido, confirmou nesta quinta-feira a própria à agência Lusa.

O processo remonta a finais de 2014, quando José Rodrigues, eleito na lista do PS, se sentiu ofendido por declarações à imprensa em que a presidente acusou o seu antigo “número dois” de “falta de lealdade e incompetência” no exercício das funções autárquicas.

A presidente da Câmara retirou os pelouros e a confiança política a José Rodrigues, que no anterior mandato (2009-2013) tinha assumido a vice-presidência e que, em Dezembro de 2014, desempenhava funções no executivo a tempo inteiro.

Na sequência da queixa-crime ao Ministério Público, Lurdes Castanheira foi ouvida na 2.ª Secção do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Coimbra, estando o inquérito já concluído.
A arguida foi acusada pela prática do crime de difamação nos autos de um processo, agora em curso no 3.º Juízo da Instância Local Criminal da Comarca de Coimbra, no qual José Rodrigues figura como assistente.

Lurdes Castanheira disse hoje à Lusa que “não tinha intenção de ofender” o vereador, alegando que as suas declarações “infelizmente foram deturpadas” pela comunicação social.

Em Dezembro de 2015, por proposta de José Rodrigues, a Câmara de Góis retirou à presidente as competências que tinha delegado em Lurdes Castanheira no início do mandato.

Na ocasião, em declarações à Lusa, o vereador disse ter tomado tal iniciativa por entender que a presidente “deixou de reunir condições mínimas para continuar à frente dos destinos da autarquia de Góis, após o chumbo por duas vezes do orçamento” e das grandes opções do plano para 2016.

Nos últimos meses, José Rodrigues e os dois vereadores da oposição, Diamantino Garcia e Helena Moniz, eleitos pelo Grupo de Cidadãos Independentes por Góis, têm tomado várias posições em conjunto, acabando por funcionar como maioria num executivo constituído por cinco membros.

Em Julho, Garcia, Moniz e Rodrigues, todos antigos vice-presidentes da Câmara eleitos em listas do PS, abandonaram a reunião da Câmara em desacordo com a presidente sobre alterações ao mapa de pessoal.

Em Agosto, o presidente da mesa da Assembleia Municipal, José António Carvalho, do PS, renunciou ao cargo.

Lurdes Castanheira reafirmou que “continua a ponderar” avançar com uma acção em tribunal com vista à dissolução do executivo.

in Público, 15.09.2016

sábado, 10 de setembro de 2016

Autárquicas: PS receia perder em Coimbra

A um ano das próximas eleições autárquicas, a reconquista das presidências das câmaras municipais de Coimbra e Góis é tida como difícil por parte da direcção do PS.
Segundo o diário Público, o partido elaborou uma lista com os 10 municípios onde acha que haverá elevado grau de dificuldade para repetição de triunfos. Trata-se dos de Coimbra, Góis, Barcelos, Golegã, Matosinhos, Marinha Grande, Nelas, Torres Novas, Vila do Bispo e Vizela.
Deste elenco, assinala o diário, a “grande surpresa” é a Câmara Municipal de Coimbra (CMC), cujo presidente, Manuel Machado, foi eleito para quarto mandato, em 2013, depois de ter cumprido três consecutivos (1990 - 2001).
A jornalista Margarida Gomes alude a quem considere que a “forma apagada como [o autarca] tem gerido o Município” prejudica o PS.
Há três meses, o “Campeão” noticiou a realização de uma sondagem, a cargo da empresa Pitagórica, tendo em vista as eleições autárquicas de 2017, testando a popularidade de Manuel Machado e as de outros três potenciais candidatos do PS à presidência da CMC.
Para aferir as hipóteses de sucesso do actual líder do Município conimbricense, aquela sociedade vocacionada para estudos de mercado propôs o confronto da provável recandidatura dele com as hipotéticas candidaturas de Maria Manuel Leitão Marques (ministra), Duarte Nuno Vieira (director da Faculdade de Medicina da UC) e João Galamba (deputado à Assembleia da República).
A Pitagórica não revelou a pedido de quem efectuou o estudo de opinião.
O segredo não permite fazer luz acerca da autoria da escolha dos nomes das figuras tidas como eventuais alternativas ao autarca, avultando, ainda assim, a particularidade de a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa (catedrática da Faculdade de Economia da UC), Duarte Nuno Vieira e João Galamba serem pessoas do círculo de amizades do líder do PS (António Costa).
O Público questionou o líder concelhio do PS/Coimbra, “no sentido de perceber se a recandidatura de Manuel Machado estava garantida”, mas “João Paulo Almeida e Sousa não deu grandes explicações”, limitando-se a referir a inexistência de uma data para anúncio da (re)candidatura.
“Vamos realizar uma Convenção Autárquica, a 05 de Novembro, e ver-se-á se é altura para anunciar a candidatura”, indicou o dirigente partidário, que substituiu Rui Duarte na presidência da Comissão Concelhia de Coimbra do PS.
Quanto ao Município de Góis, a líder camarária, Lurdes Castanheira, enfrenta dificuldades inerentes ao facto de um vereador do PS, José Rodrigues, votar, por vezes, ao lado dos edis eleitos por um movimento independente, na sequência de divergências entre a autarca e o camarada.
in Campeão de Provincias 08.09.2016

Metro: Movimento cívico convoca reunião para 12 de Setembro

O Movimento Cívico de Coimbra, Lousã, Miranda do Corvo, Góis e Poiares convidou, hoje, os cidadãos dos cinco concelhos a reunirem-se, em Miranda, a 12 de Setembro, pelas 21h00, para reivindicarem o reatamento das obras do Sistema de Mobilidade do Mondego.
“O assunto Ramal / Metro não pode continuar esquecido”, alega Jaime Ramos, porta-voz do organismo.

Segundo o ex-governador civil de Coimbra, “foi um Executivo do PS que destruiu o Ramal, tem de ser o XXI Governo a resolver o impasse, que causa sérios prejuízos à região e às pessoas utilizadoras ou potenciais utilizadores”.

in Campeão de Provincias 05.09.2016