"Plano Estratégico e de Acção para a Região do Pinhal Interior Norte (2007-2013) - Workshop Supramunicipal"
APRESENTAÇÃO
O Movimento Cidadãos Por Góis quer agradecer a oportunidade que lhe foi dada pela Câmara Municipal de Góis de, através deste "workshop", poder dar a sua contribuição para uma definição dos objectivos do concelho de Góis, integrado numa estrutura Supramunicipal.
Dentro do que conhecemos do nosso concelho e dos concelhosintegrantes da Região do Pinhal Interior Norte, procuraremos definiralgumas linhas gerais de orientação que, no nosso entender, devem serobservadas nas fases posteriores do desenvolvimento dos projectos.
Antes de entrar na definição das linhas estratégicas que prevemos para o desenvolvimento sustentado do concelho de Góis e para o Pinhal Interior Norte gostaríamos de apresentar algumas sugestões metodológicas.
Primeira sugestão
Para cada projecto concreto deverá ser feita uma parceria entre aqueles municípios para os quais o projecto seja importante e estruturante.
Isto significa que, para diferentes projectos, haverá diferentes parcerias.
Segunda sugestão
Cada projecto, muito embora interesse a um determinado conjunto de municípios, deverá ser liderado por apenas um dos municípios, em contacto permanente com os municipios interessados no projecto.
Terceira sugestão
Cada município deve apenas participar nos projectos para os quais tenha uma real aptência e se revelem capazes de promover o seu desenvolvimento, havendo pois uma concentratação de recursos em projectos bem determinados.
Similarmente o município de Góis procurará, entre os projectos de outros municípios, aqueles que se revelem de interesse para o concelho.
Posto isto indicaremos a seguir algumas sugestões para projectos intermunicipais que poderão servir de base de reflexão aos decisores Municipais.
No nosso trabalho procuraremos abordar, sob o ponto de vista do município de Góis, o conjunto de projectos (pontos fortes) que lhe podem interesar para serem depois encontrados os municipios que tenham uma visão concordante e assim se possam associar aos projectos resultantes.
Também procuraremos identificar os três pontos fracos que, em nosso enternecer, são um travão ao desenvolvimento sócioeconómico do concelho.
PRIMEIRO PONTO FORTE - TURISMO
Uma das áreas em que o concelho de Góis tem apetência para integrar projectos de desenvolvimento é a área do turismo.
Mas o turismo deve ser encarado como uma área em que o planeamento das actividades e projectos que o integram devem ser cuidadosamente programadas.
Esse turismo deve ser encarado como uma actividade coordenada ao nível intermunicipal de modo que a atracção tuiristica impenda sobre a região como um todo.
Para que uma corrente turística se forme e não tenha aspectos vincadamente sazonais haverá que considerar as diversas ofertas que o turista pode esperar quando visita uma região.
Deverão ser criados, para toda a região, roteiros turísticos que irão integrar as diversas ofertas como: roteiros paisagísticos, roteiros culturais, roteiros de lazer, roteiros gastronómicos e roteiros ecológicos de observação de animais e aves.
Para que tal se concretizar haverá que actuar nos diversos aspectos que compõem a oferta turística.
Oferta hoteleira
Cada município deverá dispor pelo menos de um hotel com uma categorai mínima de três estrelas.
Por tal os municípios que não disponha de oferta desse equipamento ou que sintam a necessidade de a aumentar,
deverão associar-se para conseguir os investimentos que permitam criar as condições para que essas unidades apareçam.
Dessa forma as agências de turismo poderão organizar pacotes turisticos para a região fazendo circular o turista pelas diversas unidades hoteleiras.
Não deve ser esquecido também criar condições para que se favoreça o turismo de habitação e o turismo rural.
No caso de Góis deveria ser encarada a possibilidade de, a médio prazo, ser criado um centro de turismo de qualidade na Quinta da Capela.
Para isso estudos preliminares deveriam ser realizados para "vender" a idéia a eventuais investidores.
Oferta cultural
A um turismo de qualidade deve estar sempre associada a vertente cultural pois ela pode gerar um tipo de turismo não sazonal
Nessa oferta poderemos distinguir diversas vertentes como as ligadas ao património religioso, ao património edificado, ao património musueológico e ao património arqueológico.
Património religioso
Góis tem um património religioso que inclui a Igreja paroquial, com a torre sineira isolada, o túmulo de renascentista de D. Luis da Silveira, a capela do Mártir, a capela de St. António e a capela do Castelo.
Nas aldeias existe também um património que pode ser explorado turisticamente quando ligado a outros segmentos turísticos.
Nesse património religioso em que se inclui a arquitectura, pintura, estatutária, túmulos, azulejos e talha serão uma mais valia turística.
Este património pode e deve ser integrado nos roteiros turísticos da região
Património edificado
O património edificado das nossas vilas e aldeias quando bem conservado e estudado pode ser integrado nos roteiros turísticos a par com o restante património existente. A manutenção dos centros históricos deverá ser uma alavanca para fomentar o turismo da região.
Uma ponte, um fontanário quando devidamente estudadas e identificadas são pontos de referência que poderão ter a sua importância turística.
Património museológico
É importante que em cada município se faça um levantamento das potencialidades museológicas existente para serem constituídos os respectivos museus. Essa rede de museus temáticos a serem integrados em rede serão certamente uma mais valia para levar os turistas a visitarem aqueles concelhos
No Caso de Góis há muito boas razões para que se possa bater por os financiamentos que possam proporcionar a criação desses museus.
Temos, para já, o ligado de Alice Sande para a sua Casa Museu.
Também os valiosos espólios da família Travassos estão por ter o tratamento que merecem e poderão ser, quando devidamente integrados num espaço museológico, um motivo de atracção .
Também o antigo hospital de Góis deveria ser constituído em espaço de museu.
Esse espaço e a sua história podem constituir algo de muito importante na história da saúde em Portugal em torno de um hospital que é muito mais do que se poderia supor pela sua localização, mas que a sua história revela.
Se o seu projecto se concretizar haverá boas possibilidades de formar valiosas parcerias com o Museu de Arte Antiga de Lisboa e o Museu da Farmácia de Lisboa.
Também um museu dedicado às minas e ao mineiro terá cabal justificação no concelho de Góis em que, desde tempos imemoriais se faz a exploração mineira.
Património arqueológico
É também um património que importa explorar e desenvolver porque o seu estudo e sistematização podem
atrair uma gama de pessoas para quem esse conhecimento e a sua divulgação constituem uma mais
valia.
No caso de Góis temos a Pedra Letreira e a Pedra Riscada como vestígios de arte rupestre que poderá ser associada
às coleções arqueológicas do Dr. João de Castro Nunes, de Arganil.
Há ainda a exploração mineira do concelho do tempo romano que deveria ser convenientemente estudada e, quando possível, integrada nos circuitos turísticos.
Património das Aldeias
A urbanização crescente do nosso país tem conduzido a que as nossas aldeias se vão desertificando mas, por outro lado, as populações urbanizadas sentem necessidade da calma e da beleza que muitas das nossas aldeias apresentam aliada a uma paisagem magnífica.
Haverá pois que procurar integrar essas aldeias nos circuitos turísticos inter-municipais.
Como exemplo desta política temos as Aldeias do Xisto que deve ser incrementada.
Também os municípios deveriam acordar nos regulamentos que se aplicariam à recuperação de novas aldeias de modo a que elas conservassem o sabor local.
Como conseqüência de uma política de valorização das aldeias teria de ser desenvolvido o turismo em espaço rural aproveitando as potencialidades desta espécie de turismo
Oferta de lazer
Na nossa região a oferta de lazer prende-se com o aproveitamento dos nossos rios quer criando praias fluviais, quer criando percursos de canoagem, quer promovendo a pesca desportiva
Também os percursos pedonais temáticos devem ser considerados.
Praias Fluviais
Uma rede de praias fluviais na região pode ser um bom investimento para atrair fluxos turísticos no verão.
Conviria fazer um estudo para identificar os constrangimentos que impedem que a maioria delas não possa obter a Bandeira Azul.
Parques de Campismo
Estabelecer uma rede de parques de campismo nos municípios. Elaborar projectos para aqueles que ainda não dispõem desse equipamento possam aceder aos financiamentos.
Também deveria ser elaborado um Regulamento Intermunicipal de Parques de Campismo que fixasse as normas a que eles deveriam oferecer de modo que houvesse uma uniformidade de prestação e qualidade de serviços dos parques de campismo da região.
Parques aventura
Para atrair as camadas mais jovens e levá-las a visitar e permanecer na região é necessário criar pontos de atração que os levem a procurar-nos.
Com o relevo montanhoso que a natureza nos concedeu, com a floresta que dispomos em profusão, não será um investimento muito vultoso criar esses parque aventura, que seriam explorados pelas empresas da especialidade.
Desportos da natureza
Também a promoção dos desportos da natureza, escalada, parapente, descida de rios é uma actividade que deve ser incrementada como forma de criar uma mais valia para toda a região.
Miradouros
A identificação dos miradouros existentes e a criação nos pontos estratégicos de novos miradouros são peças que podem integrar um cabaz turístico com custos de implementação muito reduzidos.
Festas e romarias
Deveria ser feita a catalogação das festas e romarias da região de modo a que pudessem ser integradas nos planos turísticos da região.
Aqui, na importante área do turismo, haverá que considerar que a melhor forma de unir pessoas e instituições é pela convergência de interesses.
Se souber criar uma cumplicidade positiva entre os diferentes municípios na importante área do turismo teremos certamente uma vida melhor para as nossas vilas e aldeias.
SEGUNDO PONTO FORTE - SEGURANÇA E QUALIDADE AMBIENTAL
Num mundo que cada vez mais se vai urbanizando e que mais e mais pessoas vivem em ambientes de alta concentração populacional, com os inerentes problemas de qualidade do ambiente e de segurança pessoal, locais, como o caso do concelho de Góis, se irão tornando lugares apetecíveis para se viver e produzir.
Por outro lado as modernas tecnologias permitem desenvolver um trabalho produtivo independentemente do local onde se exerce.
A qualidade do ar e da água serão, num futuro muito próximo, elementos preponderantes para a inserção de determinadas actividades.
Saber preservar estas condições melhorando a sua sustentabilidade é tarefa que deve ser agendada em qualquer planificação do desenvolvimento local.
Neste sentido deve existir uma rede de Etares suficientemente dimensionada para as necessidades populacionais e para atender toda e qualquer actividade, publica ou privada, que tenha influência na qualidade da água.
Deve ser pois uma preocupação transversal a todos os municípios uma vez que as linhas de água são comuns a diversos municípios.
Nesse sentido toda a actividade que tenha influência na qualidade do ar deve ser cuidadosamente escrutinada nos sentido de se averiguar à qualidade ambiental que se pretende para a região.
Indústrias poluentes e as que não sejam ecológica e ambientalmente sustentáveis devem ser banidas dos projectos municipais.
Manter a qualidade do meio ambiente deve ser uma aposta num futuro desenvolvimento, que não o que assistimos durante o século XX.
Como facto demonstrativo da importância da segurança e da qualidade ambiental note-se a crescente afluência de estrangeiros, com bons níveis de educação, que deixam os seus países de origem para virem residir na nossa região.
TERCEIRO PONTO FORTE - A FLORESTA
O próprio nome escolhido para esta associação de municípios "Pinhal Interior Norte" revela bem a importância da floresta no desenvolvimento económico.
Haverá, portanto, que procurar estabelecer uma série de políticas que valorizem este recurso.
Essas políticas passariam por quatro vectores fundamentais:
Primeiro vector - Emparcelamento e/ou associativismo empresarial tendo em vista dar dimensão económica à propriedade florestal;
Segundo vector - Promover a reflorestação com espécies de maior valor comercial e de maior resistência aos incêndios;
Terceiro vector - Promover que a transformação das matérias primas resultantes da exploração florestal seja feita na área onde é produzida. Nesse sentido seriam apoiadas as indústrias que tivessem os produtos da floresta como matéria prima básica.
Quarto vector - Aproveitamento da biomassa e conseqüente limpeza da floresta.
Deve notar-se que uma floresta ordenada e equilibrada tem reflexos importantes em aspectos laterais que podem ser positivos para o desenvolvimento económico.
Assim haverá uma fauna e flora que estará disponível para actividades como a caça e a observação da natureza, realização de safáris fotográficos e passeios pedonais.
PRIMEIRO PONTO FRACO - A DESERTIFICAÇÃO POPULACIONAL
As estatísticas não enganam. Todos os municípios fora da faixa litoral têm vindo a perder população.
Ora combater essa desertificação passa por fixar os jovens e promover a natalidade. Estas duas tarefas só se podem conseguir via um desenvolvimento económico sustentado.
Para isso é importante que, em cada município, se estabeleçam as políticas tendentes à criação de postos de trabalho.
Para isso em cada município haveria que formatar o tipo de actividades econômicas para os quais tem recursos humanos e materiais adequados.
No caso do concelho de Góis entendemos que a Câmara Municipal deveria promover um estudo que permitisse definir que tipo de actividades económicas estaria vocacionado em termos de recursos humanos e materiais, áreas disponíveis para implantação de indústrias etc.
A partir da definição desse perfil passaria então a uma acção de "lobby" de modo a fazer convergir para o concelho indústrias com o perfil adequado.
Também deveria ser feita uma aproximação com a Universidade de Coimbra no sentido de se encontrarem formas de colaboração institucional, que pudessem trazer para Góis actividades daquela área.
SEGUNDO PONTO FRACO - ACESSIBILIDADES
De uma forma geral as acessibilidades da zona onde se insere o Município de Góis têm sido desfavorecidas em termos de meios de comunicação.
Ora no mundo onde as comunicações se processam à velocidade da luz, não se compadece de uma rede viária antiquada e ausência de uma via férrea acessível.
Daí que combater o atraso destes concelhos, e de Góis em particular, passa pela reivindicação de mais e melhores acessos para toda a região.
Ora aqui uma política intermunicipal consertada é essencial para se potenciar todo o desenvolvimento da região.
Todas as actividades que significam potenciais pontos fortes para os concelhos como industria, turismo e floresta são negativamente influenciadas por acessibilidades inadequadas
TERCEIRO PONTO FRACO - O ENSINO
Para se criar uma sociedade equilibrada haverá que dispor de uma massa de cidadãos com as competências necessárias para o desempenho das diversas tarefas de um mundo moderno.
É um ponto assente que a não existência de um ensino profissionalizante obriga os nossos jovens a ir para outros concelhos para prosseguirem os seus estudos. Muitos outros, nomeadamente por dificuldades económicas, não o farão, engrossando a lista da mão de obra não especializada.
Deverá pois a Câmara Municipal estudar as formas de obter para o concelho as valências que estejam adequadas ao perfil das actividades económicas que entende adequadas para nele se implantarem.
Haverá pois que responder, em primeiro lugar, que tipos de industria interessam que se implantem no concelho de Góis para, depois, procurar atrair os ramos do ensino profissionalizante que cubram uma parte significativa da mão de obra dessas industrias.
Não se seguindo uma política educativa equacionada em conjunto com uma política industrial correr-se-à o risco de, conseguidas as escolas, se passar a exportador de mão de obra.
RECOMENDAÇÕES FINAIS
No sentido de se criarem infra-estruturas intermunicipais entendemos que os seguintes organismos deveriam ser tomados em consideração:
1 - Criação de uma estrutura intermunicipal de "Gabinetes Municipais de Apoio ao Desenvolvimento Económico"
2 - Criação de um "Plano Intermunicipal de Ordenamento do Território"
3 - Criação de um "Plano Intermunicipal de Desenvolvimento do
Turismo"
Estes organismos tendo uma visão global dos problemas que, sendo comuns a todo o território do agrupamento de municípios, poderiam maximizar investimentos que uma visão parcelar de cada um deles pode não potenciar totalmente.