sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Porque se Afastam os Jovens?

Há já algum tempo fizemos uma abordagem ao tema acima citado, na presunção de que estávamos a tocar num assunto pertinente, cheio de actualidade e de interesse regional. Em boa hora o fizemos porque, sobre o mesmo, o nosso amigo Carlos Arinto dissertou sobre ele, de forma inteligente, mostrando a outra "face da moeda" que não tínhamos descortinado. Enveredou por outra vertente da mesma realidade, que nenhum regionalista "obstinado" será capaz de aceitar, pela simples razão de que a sua mente está "formatada" nas ideias dum tempo duro em que tudo se concentrava na necessidade duma fonte de água potável. - É bom não esquecer que o regionalismo eclodiu em circunstâncias sociais próprias, no início do século XX.
Fê-lo com tal discernimento que abriu janelas não imaginadas e calou muitas "verdades feitas" que só emperram a caminhada que já devia ter. sido feita, para lá de ter desmistificado as razões onde assentam o nosso repetido "orgulho bacoco". Numa assentada, justificou a ausência dos nossos jovens "com o facto da sociedade serrana não ser uma sociedade aberta como a que existe nas grandes cidades." Esta é, na verdade, uma das nossas grandes pechas, Senão vejamos:
Nos tempos que de- correm, não é admissível que existam rivalidades históricas entre aldeias, ou vilas, que dificultem a boa convivência e harmonia entre povos. Pois já basta a inquietante desertificação e a serra agreste para semearem a aridez humana, senão ainda o isolamento de cada um no seu "casulo", que fará dos poucos ainda mais poucos. Pelo contrário, o que devia ser estimulado como veículo de aproximação entre os
povos, era o desporto sobre qualquer forma ou modalidade. Tal como tem sido experimentado em torneios de verão nas aldeias à volta dos penedos.
O texto a que temos vindo a reportar-nos (publicado no Jornal de Arganil de 18.11.2010) é muito extenso e traz à tona d'água questões importantes que mereciam alguma reflexão, como as que dizem respeito à ausência de apego à terra que algum dos seus fami- liares o viu nascer como a seguir nos referimos:
"Os jovens hoje sentem alguma 'vergonha e acabrunhamento' dizerem que são descendentes de qualquer aldeia perdida lá na serra, porque não possuem adjectivos para defenderem a realidade que desconhecem. Sabem só que é solidária e de abandono. E caem na banalidade do 'lugar bom para descansarem".
Esta situação incómoda, muito sentido pelos jovens, já a abordámos algumas vezes por não termos referências, nem identidade que nos projectem ao nível nacional. Quando alguém nos pergunta donde somos, aquilo que temos "à mão" mais conhecido é a Serra da Lousã. Ora a nossa melhor e mais vistosa referência é os Penedos de Góis, mas essa está calada sem: qualquer visibilidade a nível nacional, como monumento imponente da natureza que se ergue; outras regiões bem gostariam de tê-la por perto!
Estas são apenas algumas questões das muitas que foram apontadas no referido artigo e que ainda não vimos na imprensa, qualquer gesto ou achega, sobre este pertinente as- sunto. Assim sendo, chego à conclusão que devemos andar muito distraídos, ou então andamos envolvidos em pequenas tricas, ou ... meras futilidades, para ocupar o tempo. O que é uma grande pena!
Adriano Pacheco
in O Varzeense, 30/01/2011

5 comentários:

  1. "devemos andar muito distraídos, ou então andamos envolvidos em pequenas tricas, ou ... meras futilidades, para ocupar o tempo. " - esta é para o malcheiroso do pombal devia era andar a tomar conta das netas que andam saidas. O Pacheco dá-te bem ó animal...

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  2. Ainda vais nestas "pachecadas", pá? RIR

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  3. Que abuso de confiança é esse, pá, utilizando abusivamente a minha sigla? Não te basta... a tua? JCN

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  4. Estes passam a vida na má lingua, são velhos... não têm nada para fazer e depois é isto.

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  5. São velhos... mas tesos, pá! FPF

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