domingo, 25 de setembro de 2011

Islândia. O povo é quem mais ordena. E já tirou o país da recessão

A crise levou os islandeses a mudar de governo e a chumbar o resgate dos bancos. Mas o exemplo de democracia não tem tido cobertura
Os protestos populares, quando surgem, são para ser levados até ao fim. Quem o mostra são os islandeses, cuja acção popular sem precedentes levou à queda do governo conservador, à pressão por alterações à Constituição (já encaminhadas) e à ida às urnas em massa para chumbar o resgate dos bancos.

Desde a eclosão da crise, em 2008, os países europeus tentam desesperadamente encontrar soluções económicas para sair da recessão. A nacionalização de bancos privados que abriram bancarrota assim que os grandes bancos privados de investimento nos EUA (como o Lehman Brothers) entraram em colapso é um sonho que muitos europeus não se atrevem a ter. A Islândia não só o teve como o levou mais longe.

Assim que a banca entrou em incumprimento, o governo islandês decidiu nacionalizar os seus três bancos privados - Kaupthing, Landsbanki e Glitnir. Mas nem isto impediu que o país caísse na recessão. A Islândia foi à falência e o Fundo Monetário Internacional (FMI) entrou em acção, injectando 2,1 mil milhões de dólares no país, com um acrescento de 2,5 mil milhões de dólares pelos países nórdicos. O povo revoltou-se e saiu à rua.

Lição democrática n.º 1: Pacificamente, os islandeses começaram a concentrar-se, todos os dias, em frente ao Althingi [Parlamento] exigindo a renúncia do governo conservador de Geir H. Haarde em bloco. E conseguiram. Foram convocadas eleições antecipadas e, em Abril de 2009, foi eleita uma coligação formada pela Aliança Social-Democrata e o Movimento Esquerda Verde - chefiada por Johanna Sigurdardottir, actual primeira-ministra.

Durante esse ano, a economia manteve-se em situação precária, fechando o ano com uma queda de 7%. Porém, no terceiro trimestre de 2010 o país saiu da recessão - com o PIB real a registar, entre Julho e Setembro, um crescimento de 1,2%, comparado com o trimestre anterior. Mas os problemas continuaram.


Lição democrática n.º 2: Os clientes dos bancos privados islandeses eram sobretudo estrangeiros - na sua maioria dos EUA e do Reino Unido - e o Landsbanki o que acumulava a maior dívida dos três. Com o colapso do Landsbanki, os governos britânico e holandês entraram em acção, indemnizando os seus cidadãos com 5 mil milhões de dólares [cerca de 3,5 mil milhões de euros] e planeando a cobrança desses valores à Islândia.

Algum do dinheiro para pagar essa dívida virá directamente do Landsbanki, que está neste momento a vender os seus bens. Porém, o relatório de uma empresa de consultoria privada mostra que isso apenas cobrirá entre 200 mil e 2 mil milhões de dólares. O resto teria de ser pago pela Islândia, agora detentora do banco. Só que, mais uma vez, o povo saiu à rua. Os governos da Islândia, da Holanda e do Reino Unido tinham acordado que seria o governo a desembolsar o valor total das indemnizações - que corresponde a 6 mil dólares por cada um dos 320 mil habitantes do país, a ser pago mensalmente por cada família a 15 anos, com juros de 5,5%. A 16 de Fevereiro, o Parlamento aprovou a lei e fez renascer a revolta popular. Depois de vários dias em protesto na capital, Reiquiavique, o presidente islandês, Ólafur Ragnar Grímsson, recusou aprovar a lei e marcou novo referendo para 9 de Abril.

Lição democrática n.º 3: As últimas sondagens mostram que as intenções de votar contra a lei aumentam de dia para dia, com entre 52% e 63% da população a declarar que vai rejeitar a lei n.o 13/2011. Enquanto o país se prepara para mais um exercício de verdadeira democracia, os responsáveis pelas dívidas que entalaram a Islândia começam a ser responsabilizados - muito à conta da pressão popular sobre o novo governo de coligação, que parece o único do mundo disposto a investigar estes crimes sem rosto (até agora).

Na semana passada, a Interpol abriu uma caça a Sigurdur Einarsson, ex-presidente-executivo do Kaupthing. Einarsson é suspeito de fraude e de falsificação de documentos e, segundo a imprensa islandesa, terá dito ao procurador-geral do país que está disposto a regressar à Islândia para ajudar nas investigações se lhe for prometido que não é preso.

Para as mudanças constitucionais, outra vitória popular: a coligação aceitou criar uma assembleia de 25 islandeses sem filiação partidária, eleitos entre 500 advogados, estudantes, jornalistas, agricultores, representantes sindicais, etc. A nova Constituição será inspirada na da Dinamarca e, entre outras coisas, incluirá um novo projecto de lei, o Initiative Media - que visa tornar o país porto seguro para jornalistas de investigação e de fontes e criar, entre outras coisas, provedores de internet. É a lição número 4 ao mundo, de uma lista que não parece dar tréguas: é que toda a revolução islandesa está a passar despercebida nos media internacionais.

in ionline

16 comentários:

  1. O que o "liberdade" quer
    com todo este palanfrório
    é, subindo o escadório,
    sentar o cu no poder!

    TIR

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  2. O Governo quer cortar 35% dos vereadores actualmente eleitos em 308 municípios.

    No documento Verde da Reforma da Administração Local hoje apresentado e a que o Económico teve acesso, o Governo estabelece um novo critério para a definição do número de representantes que irão compor cada um dos executivos municipais com base no número de eleitores que, tudo indica, permitirá passar dos actuais 1.770 para apenas 1.152 vereadores nas próximas eleições, uma diferença de 35%.

    O Executivo alterou ainda os critérios quanto ao número de dirigentes - quadros superiores, dirigentes intermédios de primeiro grau e dirigentes intermédios de segundo e terceiro graus - para um máximo de 1.495 elementos, face aos actuais 3.137.

    Se o objectivo do Governo se concretizar, passará a haver menos 1.642 dirigentes municipais, o que corresponde a uma redução de 52%, de acordo com o mesmo documento.

    O corte no número de dirigentes municipais insere-se no âmbito da reforma administrativa das autarquias, que assenta em quatro pilares fundamentais: o sector empresarial local, a reorganização do território, a gestão municipal, intermunicipal e financiamento e democracia local.

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  3. E daí?... Que tem Góis a ver com isso? Acaso queriam um estatuto de excepção para Góis?... Que brutinhos! TIR

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  4. Góis já foi. Correctíssimo! Eis o resultado de transformar a Câmara em centros de emprego Xuxas.

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  5. Pois, pois...nas Câmaras ganhas pelos outros partidos não aconteceu a mesma coisa...Foi só o PS em Góis...

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  6. Malditows "cortes"! O "liberdade" está-me a estragar a escrita! Há-de levar um lindo enterro! De carroça... puxada pelo jumento! E eu a ver, carago! TIR

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  7. 3 anos num concelho como Góis a mudança para um futuro melhor podia de facto ter passado de slogan de campanha para ser um ideal diário de trabalho. Muitos parecem ter potencial, mas poucos o sabem aproveitar ou sequer identificar. Grandes distracções no percurso, um GAP fraquinho! Portanto sim se Góis estiver em risco existem responsáveis.

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  8. És o maior canalha que alguma vez teve a ousadia de encher a bocarra com o nome de Góis!...
    Vamos ter que te pendurar pelos pés!...

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  9. "Vamos"... quem, pá? Talvez te pendurem a ti... pela cornadura, à aflta de outra coisa ou coiso que o pudor não ne permite dizer! O senhor abade não deixa! D

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  10. Corrijo a gralha "aflta" por "falta", ou seja, "à falta de". Assim é que é! D

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  11. A nossa Camara tem mulheres muito bonitas.
    Mas as recentes entradas é um luxo,dra.Lurdes vai um muito obrigado,a senhora está com Góis é cada Borracho.

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  12. Só que não são para "borrachões" como tu, pá! D

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  13. Será desta que os chicos espertos da Quinta do Baião vão dentro.
    O Pres.da Camara de Oeiras já dormiu esta noita na cadeia,mas a nossa justiça é cega

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  14. Em quarto de cinco estrelas, pá! Que raiva, carago! D

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  15. Miguel Morão é Vidente

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  16. Ai o jumento já sabe!!! HUMMMMMMMM...
    Também dás o cu a qualquer um!...

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