quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Divergências entre eleitos do PS levam presidente da Câmara de Góis a pedir eleições intercalares

Autarca acusa o ex-vice-presidente de inviabilizar a gestão do executivo votando ao lado da oposição e diz que se vai candidatar de novo à presidência

A presidente da Câmara de Góis, Lurdes Castanheira, quer eleições intercalares para  a autarquia porque considera que não tem condições para cumprir o mandato para o qual foi eleita devido a divergências com o vereador José Rodrigues, a quem foi retirada a confiança política.
“Não tenho nem confiança política nem pessoal no vereador eleito pelo PS. José Rodrigues, que tem votado permanentemente ao lado dos dois autarcas eleitos pelo Grupo de Cidadãos Independentes por Góis, forjando uma maioria que a população não lhes conferiu”, declarou ao PÚBLICO Maria de Lurdes Castanheira, adiantando que se vai recandidatar de novo à câmara.
A socialista, que há dois mandatos preside a esta autarquia no distrito de Coimbra, aguarda apenas que o concelho comemore o feriado nacional no dia 13 de Agosto para apresentar uma proposta de dissolução do executivo (composto por cinco elementos), com vista à realização de eleições antecipadas o mais depressa possível. “Há uma tentativa de assalto ao poder”, critica a autarca, revelando que a dissolução do executivo municipal será feita ao abrigo da lei da tutela administrativa”.
Lurdes Castanheira considera a “situação actual insustentável” e refere que a fractura que existe entre ela e o vereador, que no seu primeiro mandato assumira a vice-presidência da câmara, “começou em Outubro de 2014 quando o vereador resolveu chumbar o orçamento da câmara para 2016 e todos os documentos associados”. Mas o mal-estar já vinha de trás quando a presidente retirou a confiança política a José Rodrigues, que tutelava o pelouro da Acção Social, Cultura, Educação, Desporto, Turismo, “por questões de lealdade e de confiança”. 
Com a vice-presidência entregue a um outro vereador do PS, a relação entre os dois eleitos socialistas tornou-se difícil. A autarca acusa o seu ex-número dois de “estar em sintonia com os dois autarcas do Grupo de Cidadãos Independentes por Góis", Diamantino Garcia e Helena Moniz, ambos eleitos em anteriores eleições nas listas do PS.
José Rodrigues considera as acusações da autarca “completamente injustas” e acusa a presidente de “ser prepotente e de querer impor a sua vontade”. Sem pelouros desde Dezembro de 2014, José Rodrigues não poupa a presidente da câmara, que acusa de “desautorizar sistematicamente as chefias” e deixa nas entrelinhas algum desconforto pelo facto de Lurdes Castanheira não o ter convidado, de novo, para vice-presidente.
Acusando a presidente de “não estar a defender os interesses dos habitantes de Góis”, o vereador diz não temer eventuais punições do partido, mas se isso acontecer – frisa - não terá problemas em entregar o cartão de militante.
Lurdes Castanheira espera que “a seu tempo o partido tome uma posição que leve à expulsão de José Rodrigues do PS” porque - alega a presidente de câmara - “o que o vereador tem assumido é uma postura de traição ao Partido Socialista”. “O que está a ser atraiçoado é o PS e os princípios do PS”, reforça.
A presidente de câmara diz que tem o apoio do PS nesta questão e, ainda esta semana, o presidente da distrital do PS de Coimbra, Pedro Coimbra, condenou, em comunicado, “de forma veemente o comportamento manifestado ao longo deste ano e meio pelos três vereadores em causa que lesam de forma abusiva o interesse público sem honrarem os mandatos que lhes foram confiados para ajudarem a governar o concelho”. Segundo o líder distrital, “a gestão do município de Góis tem assistido a lamentáveis episódios políticos que mais não são do que uma total desconsideração e desprezo pela vida pública e pelos interesses superiores do concelho”.
in , Público 04.08.2016

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