quinta-feira, 11 de março de 2010

Câmara de Góis e ADIBER vão a tribunal

Alegado uso indevido de fundos comunitários na aquisição de parcela da Quinta do Baião motivou processo.
Lurdes Castanheira diz-se “injustiçada” e quer agora dar destino ao terreno que tem sido alvo de tanta polémica.

Enquanto os antigos responsáveis da ADIBER e antigos vereadores da Câmara de Góis aguardam o desenrolar do processo em que são acusados de uma alegada utilização ilegal de fundos comunitários, relativamente a uma parcela de terreno da Quinta do Baião, a autarquia de Góis, liderada por Lurdes Castanheira (também arguida, enquanto ex-dirigente da associação), quer agora «renegociar» a dita parcela que esteve na origem das acusações e de todo um processo que se arrasta desde 1999. Ontem, enquanto se mostrava «tranquila» relativamente às acusações que sobre si recaem, confirmadas esta semana pelo Tribunal de Instrução Criminal (segundo notícia ontem publicada pelo campeão das Províncias), a autarca mostrava-se mais preocupada com o fim a dar aos terrenos na Quinta do Baião e mostrou-se disponível para conversações com a ADIBER que, em 1999 adquiriu, à autarquia, uma parcela do terreno para aí implementar um projecto de agro-turismo.

«O executivo está totalmente disponível para renegociar», declarou, ao Diário de Coimbra, a autarca, que deixa nas mãos da ADIBER a saída para o problema: ou a associação renegoceia e avança com o projecto inicialmente previsto, ou se acciona a cláusula de reversão via judicial que, face ao incumprimento do previsto pela ADIBER aquando da candidatura, permite que a parcela de terreno adquirida volte para as mãos da autarquia. Foi, de resto, esta a posição saída da reunião do executivo, que decorreu na terça-feira.

«O que é importante não é accionar a cláusula, mas dar a oportunidade de implementar o projecto», afirma, convicta de que o que interessa a Góis é ter essa infra-estrutura agro-turística concretizada. A posição da autarquia ainda não foi comunicada à associação, porque foi apenas discutida na última reunião.
TIC confirma acusações
Foi em 1999 que a ADIBER, presidida por José Cabeças, antigo presidente da Câmara de Góis, adquiriu à autarquia quatro dos 16 hectares de terreno da Quinta do Baião, por 250 mil euros, para aí implementar um projecto agro-turístico, financiado pelo programa comunitário Leader II com 234 mil euros. A escritura do terreno viria a ser feita apenas em 2007, quando já tinha passado o prazo imposto pelo Leader II para a execução do projecto, muito embora a associação tivesse recebido verbas de Bruxelas. Entretanto, a dita parcela de terreno continua nas mãos da associação, sem qualquer benfeitoria.

Na sequência de uma denúncia anónima, o Ministério da Agricultura ordenou a realização de um processo de inquérito ao projecto e posteriormente o caso seguiu para o Tribunal de Arganil. Mais recentemente, a maioria dos arguidos requereu a abertura de instrução e esta semana o Tribunal de Instrução Criminal (TIC) confirmou as acusações que recaíam sobre nove arguidos.

Lurdes Castanheira, actual presidente da Câmara de Góis e, à data dos factos, secretária da direcção da ADIBER, está acusada dos crimes de co-autoria de falsificação de documentos, fraude na obtenção de subsídio e desvio de subsídio para fim diferente. Entre o rol de arguidos está também José Cabeças e restantes elementos da direcção da associação, designadamente José Albuquerque, Miguel Silvestre e Helena Mateus, Miguel Ventura, coordenador da ADIBER e actual vereador na Câmara de Arganil, e os vereadores da Câmara de Góis em 1999, designadamente Miguel Gama e Humberto de Matos. Também o gestor do programa Leader II, Nuno Jordão, é um dos acusados.
Leader sabia que não existia escritura
Em causa estão, resumidamente, crimes relacionados com o facto de a ADIBER ter recebido verbas comunitárias sem ter o terreno escriturado, o que só aconteceu oito anos depois da compra do terreno, em 2007.

Lurdes Castanheira recorda que o projecto foi dado como concluído (adquirido) e entregue ao Leader II tendo por base «documentos legais», designadamente as actas da Câmara, em Setembro de 2001. Mais, diz ainda que apesar da escritura do imóvel não ter sido feita em tempo útil, por culpa da autarquia, essa situação era do conhecimento dos gestores do programa comunitário, que, ainda assim, fizeram a transferência das verbas, oito meses depois.

A parcela de terreno em causa tinha sido objecto de um destaque em 1994, pelo que, só dez anos depois poderia ser alvo de novo acto registral. A partir de 2004 estaria, portanto, em condições de ser escriturada. «A Câmara teve condições para fazer a escritura e nunca o fez», recorda a actual presidente.

Hoje diz-se acusada de crimes que não cometeu. «Acredito na justiça, mas ela não é mais verdadeira do que eu», afirma, lembrando que nunca falsificou nenhum documento e «há ofícios ao gestor do Leader informando que a escritura não tinha sido feita».

Admite apenas que de facto chegou a utilizar o dinheiro comunitário para outros fins: para «o pagamento de salários» porque «não queríamos ordenados em atraso». «Sinto-me injustiçada e o espírito de voluntariado que tinha há muito que perdi», remata.

Igualmente «tranquilo» mostra-se Miguel Ventura, vereador do PS na Câmara de Arganil e coordenador da ADIBER. «Vamos aguardar pelos desenvolvimentos. Não cometi nenhum crime», afirma.

Escrito por Margarida Alvarinhas  
in Diário de Coimbra 12/03/10

25 comentários:

  1. Não é verdade que "O executivo está totalmente pronto para renegociar". Os vereadores do PSD votaram contra. A Presidente, MENTE!

    ResponderEliminar
  2. Pois mente. Assim como mente sobre o terreno, porque a cláusula de reversão já foi accionada pela Câmara em Setembro do ano passado. Só há que dar cumprimento a essa deliberação. Tudo o mais são manobras para safar as costas dela e dos amigos. Não se esqueçam que a Adiber quiz vender o terreno por 90.000 contos quando surgiu a oportunidade...

    ResponderEliminar
  3. E o mov. cidadãos, MUDO....

    ResponderEliminar
  4. Isto é tudo muito grave. A presidente que é ao mesmo tempo tempo funcionária, quer enterrar a Câmara para safar a Adiber. Só é pena que o segundo e o terceiro vão na conversa...

    ResponderEliminar
  5. Como é que é possível o Diário de Coimbra noticiar que "Câmara de Góis e ADIBER, vão a tribunal"? Nem um, nem outra são acusadas...quem é acusado, são as pessoas. As instituições não cometem fraudes. Isto é aviltante. Pemos o nosso POLVO regional. Sinto-me profundamente envergonhado. Os Goienses são humildes, mas são honestos. Não merecem ser arrastados para esta vergonha.

    ResponderEliminar
  6. Tens razão. Reparem na diferença dos títulos do DC e das Beiras. Adivinhem quem trabalha no DC......

    ResponderEliminar
  7. FINALMENTE: Góis nas primeiras páginas dos jornais...OBRIGADO, Dra. Lurdes Castanheira e amigos.

    ResponderEliminar
  8. Câmara e Adiber em tribunal?!!! Tá tudo maluco?!!! Quem vai sentar o rabinho no mocho são os vigaristas que fizeram a tramóia. Aliás dois deles já não põem os pés em Arganil, infelizmente, porque já estão do lado de "lá"...

    ResponderEliminar
  9. Pois...
    Os Goienses são humildes e honestos,mas na hora de votar,votam em VIGARISTAS,conscientemente porque já sabiam do que se passava,mas vão em cantigas...

    ResponderEliminar
  10. E quem é que trabalha no Diario de Coimbra?

    E já viram como a noticia das Beiras é tendenciosa e encobre a realidade do acontecido?

    ResponderEliminar
  11. Mas afinal quem é que trabalha no DC?
    Nós não sabemos.

    ResponderEliminar
  12. Tenho vergonha disto
    Até o da fibra óptica ficou calado.
    Sr,dr Rodrigues
    Sr.dr. Mario estão na hora de bater o pé isto não

    ResponderEliminar
  13. Quem trabalha do DC, é uma irmã da Dr.Lurdes que filtra toda a informação...è o polvo!

    ResponderEliminar
  14. O sr.dr.Rodrigues será a pessoa capaz de fazer alguma coisa para o noso concelho?Secalhar a primeira coisa seria afastare-se das mas companhias como o ze do ilio e o artista de V N DO CEIRA

    ResponderEliminar
  15. Sr.Dr.Rodrigues
    Já reparou no que se meteu ?

    Ainda vai haver outro processo o da Sta ,Casa da Mesericórdia de Gois é a seguir isto não para a rapaziada é a mesma.

    ResponderEliminar
  16. Por pouco pensei ser o artista do carvalhal...

    ResponderEliminar
  17. "O executivo está totalmente disponível para renegociar". Mas estará tudo doido? Ainda vai tudo "dentro". Quais as razões para anular a deliberação do anterior executivo? Que grande GOLPADA!

    ResponderEliminar
  18. Isto está a ficar lindo: o mov. cid. apenas publicou a notícia do DC, esquecendo as beiras e o campeão. tentei comentar e, agora, já não é possível. Só identificado e, para isso, tenho medo porque já começou a caça às bruxas e tenho familiares a trabalhar na CM. Se isto não é censura, como é que se chama?

    ResponderEliminar
  19. Vá, vão a correr celebrar o 25 de Abril. Há imensa liberdade para celebrar.

    ResponderEliminar
  20. Dizia ela ontem. "Querem que eu me vá embora, mas eu ganhei com maioria, por isso têm que me aturar". Tipo birra de criancinha mal-educada. No jantar do bispo... e os paspalhos a ouvir...

    ResponderEliminar
  21. Todo isto é Fado todo isto é triste
    a Dona é fibra óptica estão lixados

    ResponderEliminar
  22. Ainda não compreendi
    O Jornal de Arganil
    O Varzeense
    A dra.Lurdes e Miguel Ventura são os que dão a cara então o PADRINHO dr.Cabeças,por onde ele passa deixa rasto,fiica o ambiente quinado

    ResponderEliminar
  23. Tão ladrão é aquele que vai à vinha, como aquele que fica ao portão!

    ResponderEliminar
  24. O Ministério Público que venha visitar as seguintes instituições: é capaz de ficar surpreendida. Adiber, finanças, câmara,Santa casa, e certas firmas que está tudo interligado ás noticias actuais do pais.Góis é gerido totalmente por algumas famílias que não, querem ver as fortunas acomoladas virem a praça pública e esta é que é a guerra em góis

    ResponderEliminar
  25. O Ministério Público que venha visitar as seguintes instituições: é capaz de ficar surpreendida. Adiber, finanças, câmara,Santa casa, e certas firmas que está tudo interligado ás noticias actuais do pais.Góis é gerido totalmente por algumas famílias que não, querem ver as fortunas acomoladas virem a praça pública e esta é que é a guerra em góis

    ResponderEliminar

Não será permitida linguagem abusiva. Liberdade de Expressão não é ofender, levantar falso testemunho ou ridicularizar os outros. É vos dado livre arbítrio, façam um bom uso dele.
Por opção editorial, o exercício da liberdade de expressão é total, sem limitações, nas caixas de comentários abertas ao público. Tais comentários podem, por vezes, ter um conteúdo susceptível de ferir o código moral ou ético de alguns leitores, pelo que não recomendamos a sua leitura a menores ou a pessoas mais sensíveis.